Depósito de Textos

Aqui o impossível se torna realidade...

Eu sei que ando mito sumida, mas eu prometo que vou me dedicar mais à isso aqui quando as coisas se acalmarem. Ando tendo alguns problemas com um certo orgão localizado do lado esquerdo do peito, mas tudo ficará bem.
Enquanto isso, deixo a sugestão de uma escritora incrível da atualidade. Talvz alguns de vocês até já a conheçam, eu conheço faz um bom tempo, mas voltei a ler seus textos hoje, e estou aqui para divulgá-la:
http://www.tatibernardi.com.br/
O nome dela é Tati Bernardi e ela é Brasileira.
Aconselho ler os textos publicados no site, são coisas tão corriqueiras, mas que ela consegue transformar e nos fazer enxergar um outro lado do amor.
Bem, em breve eu volto.
Eu espero!
Beijos para todos!

Pode apostar que esse livro vai entrar para o top dez!
Ok, sejamos sinceros: ele vai pro top five! E não é o do CQC!
Bem, é exatamente isso que vocês estão pensando, eu pirei por esse livro! Incrível, mágico, sedutor, divertido e com uma grande pitada de suspense, você vai acabar se apaixonando por Path e Nora.

Sinopse:
Nora tenta levar uma vida normal desde que seu pai morreu, há alguns anos atrás. Com um boletim impecável e boa conduta, ela é racional e gosta de ter tudo sobre controle. Só que ela se vê louca por que de algum modo muito sinistro, Path agora está no comando.
Ela se sente incrivelmente atraída por Path, mas sabe que as circunstâncias gritam que ele esconde algo muito errado atrás daqueles olhos escuros e sedutores (ai, ai). Sem nenhum aparente motivo, Nora se vê encurralada por uma série de acontecimentos bizarros, mas ela não faz a mínima ideia em que está se metendo. E não só é um motivo,mas vários que vão deixar a vida dela de cabeça para baixo e mudar completamente o rumo da sua história.

Becca é incrível. Eu sei que o que eu vou escrever nas próximas linhas pode ser interpretado como um desacato de alto nível, mas eu tenho que dizer: Becca é tão boa quanto Meg Cabot!
Ela consegue passar a história de um modo tão leve e envolvente que você não consegue parar de ler. Você TEM que saber o que vai acontecer, mas tudo é tratado de um modo divertido e muito irônico por parte de Nora.
Os personagens são muito bem construídos, com aquele toque de que são verdadeiras pessoas. Odeio personagens bonzinhos demais ou sempre malvados, ninguém é assim na vida real, será que é tão difícil admitir?
Há uma trama bem feita por trás do amor de Nora e Path. (Leia-se: ela não é uma Stephanie Meyer da vida) E para que chegasse onde está, Becca passou cinco anos recriando a história.
Certamente vai ser o livro das minhas férias! Sabe, aquele que você comenta, adora e protege de tudo e todos, por que você sabe que é bom demais para cair em quaisquer mãos. E que não vire modinha, pelo amor de Deus!
Antes eu só tinha essa atitude com A MEDIADORA, de Meg Cabot, (Que são meus livros favoritos) mas sei que Sussurro merece esse espaço também, então aí está!
Cinco estrelas!

Bem, faz menos de uma hora que eu acabei de ler ‘Treze porquês’ e já pensei muito sobre como defini-lo, mas ainda não consegui achar um termo que expresse com exatidão o que ele fez comigo.
E é por esse razão que eu faço dele a minha primeira resenha, coisa que eu nunca imaginei fazer.
Primeiro, vamos à história:
Tudo começa com Clay Jensen recebendo uma caixa estranha e sem remetente. Dentro há treze fitas com os motivos pelo qual Hannah, uma garota da sua classe, decidiu de matar a algumas semanas atrás. Esses treze motivos são direcionados a doze pessoas que, intencionalmente ou não, influenciaram a vida de Hannah.
A narrativa se desenrola de um modo que, a cada lado da fita, um grande segredo é revelado e máscaras caem. Aquelas pessoas boazinhas, que sempre são perfeitas, acabam se mostrando cruéis e sem escrúpulos, preocupando Clay, que não sabe qual o motivo de estar na lista, já que acredita nunca ter feito algo ruim à Hannah.
Eu devo confessar que me sinto horrível por não fazer nada para salvar Hannah. Nesse livro, é como se você sentisse todas as emoções que pairam no ambiente. Eu realmente esperava que, a qualquer momento, Hannah fosse aparecer e tudo ficaria bem, mas deixe alertá-los: não vai ficar. Hannah está morta. Desde o inicio isso fica evidente, mas Jay Asher consegue te passar tão profundamente a história que você sente cada sentimento, ruim ou bom da história, e isso te prende de um modo tão... intenso. Já li vários livros, mas esse me pegou completamente pelo coração. E é isso que te faz mudar o modo como você vê o mundo depois de ler um livro como esse.
Confesso que chorei em várias partes, principalmente na fita de Clay, mas devo admitir de choraria de novo. E chorei vendo esse site http://hannahsreasons.blogspot.com/ com todas gravações de Hannah e até paginas de um jornal, um poema, fotos...
É tudo ficção, eu sei, mas eu levei desse livro algo muito grande, muito bom para minha vida e gostaria que vocês compartilhassem disso também.
Estou muito grata por ter lido um dia antes do meu aniversário de dezessete anos, e se eu pudesse, diria a Jay Asher um “Muito obrigada” por esse presente de aniversário adiantado.
Luísa Cedrim

Bem, aí está o motivo de não ter continuado a história de Lorena:
É, um book trailer!
Esse é o trailer de divulgação da história de Loris!

Sim, ela terá uma segunda temporada!
para adiantar, o nome será Renascida.
Cá entre nós, meu anjo, minha fada é MUITO sem-graça.
Logo estarei disponibilizando mais um texto meu, enquanto termino com Renascida.
Relaxem, ainda tem a terceira e possivelmente uma quarta....
;D

This is it!


Só para deixar com gostinho de queero mais:
Essa é a atriz que eu achei mais parecida com Lorena,mas isso não é tudo, estou preparando uma Surpresa!
O que vai justificar meu desleixo com a continuação da história.

Lucius
Mirei-lhe, fascinado. Seus incríveis olhos fitavam-me com curiosidade intensa. Aproximei-me mais dela, senti seu perfume perfeitamente adocicado. Atrevi-me a tocar-lhe a face, gesto que resultou no avermelhamento de suas maçãs. Ela sorriu. O sorriso mais perfeito do mundo: meu sorriso preferido. Eu podia sentir o calor do seu corpo, seu coração batendo descompassado e alto demais, sua respiração forte. Ela estava viva, ela estava comigo. Ainda estava imerso em seus olhos quando dei-me conta que nossos rostos estavam perto o suficiente para se tocar ao mínimo movimento. Desci-lhe a mão até a cintura, ela envolveu seus braços em meu pescoço como era bom sentir seu toque macio, delicado, quente. Encostamos nossas testas e olhamos um dentro da alma do outro pelos nossos olhos. Era tudo maravilhosamente perfeito. Eu a tinha em meus braços, ela tocava-me, desvendando meus sentimentos. Eu passeava minha mão pela face de anjo, até que senti o inesperado. Nossos lábios roçaram-se por uma fração de segundo, mas isto fez com que uma bomba de felicidade explodisse dentro de mim.
Choque. Emoção. Felicidade.
Prendemos a respiração. Eu a amava, essa era a resposta para tudo. Eu estaria disposto a enfrentar o céu, o inferno para tê-la exatamente onde estava.
Ela fechou os olhos lentamente, minha luz indo embora com o azul destes. Eu não podia viver sem alguma parte dela, então tomei seus lábios nos meus.
Ternura. Felicidade. Amor.
Seus lábios aceitaram os meus como presente. Os meus? Não há palavras suficientemente doces para explicar o que senti. Ao tocar-lhe os lábios, meu coração voltou a bater, minha alma restaurou-se, meu ser reviveu-se. Parei de existir e comecei a viver. Parecia que meu coração, há muito descansando, pulava ritmado com um som diferente. O som do amor. Era como se neste beijo, eu tivesse absorvido um milésimo de sua alma, mas isso me bastou para ser feliz.
Ninguém poderia sequer imaginar a felicidade que consumiu meu ser. Suas mãos trêmulas ainda passeavam pelo meu rosto e eu as senti mais claramente. Sue calor me estremeceu. Ela era a perfeição, ela estava em meus braços.
Nossos lábios se desvencilharam e abri meus olhos à procura dos seus. Ela estava mais perfeita que antes, ainda com os olhos fechados. Uma lágrima escorreu pela sua face e iluminou o sorriso. Ela aproximou-se mais de mim e virou o rosto para a direção oposta, oferecendo-me seu pescoço. Eu sabia o que deveria fazer e ela certamente estava certa deste ato. Eu pensei por um segundo. Se eu a transformasse, ela estaria preservada para todo o sempre. Eu poderia admirá-la todos os dias e todas as noites exatamente como ela era. Inspirei seu aroma doce. Senti o cheiro do seu sangue em mim. Aproximei-me dela, enquanto era hipnotizado pelo fato de sentir o sabor de seu sangue. Ela envolveu seus braços em mim. Era tão primoroso estar com ela em mim. Minha boca parou na base de sua garganta. A pele quente. O aroma doce. Minha Deusa, Minha Vênus. Para sempre minha. Encravei meus dentes na pele perfeita. Ela me abraçou mais apertado, mas não disse nada. O sangue dela fez meu mundo girar. O melhor dos sangues, ela era tão perfeita. Suguei-lhe um pouco da alma, das lembranças. Lembrei-me do sorriso puro, da alma cheia de amor. Lembrei-me dos seus cabelos, da sua pele, dos seus olhos.
Quando senti que a quantidade do meu veneno era a suficiente para transformá-la, retirei meus dentes com cuidado de seu pescoço. Ela estava desacordada, como todos ficavam. Deitei-me na cama e coloquei-a ao meu lado, com a cabeça sobre meu peito. Era uma das melhores sensações do mundo.
E eu a esperei despertar. Eu não conseguiria viver sem ela. Depois que a vi, ela fez meu coração bater novamente, regenerou minha alma e quando a olhei nos olhos, descobri o sentido da vida: o amor. Droga! Vilões não amam! Mas quem se importa? A única coisa com a qual eu quero me importar é a fada dos olhos azuis que agora dorme em meus braços, mas que em breve despertará para que nós sejamos felizes eternamente.


*Comentário!
Esse é originalmente o último capitulo de Meu Anjo, Minha Fada, mas tenho na mente a continuação da história.
Ainda está tudo muito no inicio, mas prometo que postarei aqui os acontecimentos posteriores à transformação de Lorena, com outro título e tudo mais para que não haja enganos!
Não posso falar mais nada, senão estaria dando Spoilers, e eu sei que vocês não gostariam nada disso!
:D
Luísa Cedrim*

Lorena
Água. Um oceano profundo e refrescante era o que eu sentia enquanto estava desacordada. Sentia a água passeando pelos meus dedos, as ondulações, a calma. Eu poderia ficar aqui para sempre se me prometessem tirar aquela dor de mim. Talvez eu já estivesse morta. Explicaria aquele anjo me levando na noite passada. Não, talvez fosse á dias atrás, não tenho certeza do tempo que estou aqui. Minutos, horas, dias, semanas. Quem se importa? Eu estava feliz, era tudo o que eu precisava, não queria sair dali.
Tudo estava calmo até que uma ondulação me tirou do eixo. Agora eu podia escutar vozes ao longe, eram gritos de alguém. Outra onda bateu em mim e eu afoguei. As vozes estavam cada vez mais fortes e machucavam meus ouvidos. Eu afundava na escuridão cada vez mais, mas não abria os olhos, era como se eu não lembrasse de fazê-lo. Eu sabia que estava perto de encontrar o fundo da piscina e eu nadava para a superfície, mas algo me puxava para baixo. As vozes eram altas demais na minha cabeça e eu tentei proteger meus ouvidos, mas só pareciam aumentar. Duas mãos quentes me seguraram nos ombros e me puxaram mais para baixo. Encontrei o fundo.
Abri meus olhos e lá estava ele na minha frente com as mãos nos meus ombros. O seu rosto parecia desesperado e aliviou-se um pouco quando eu o foquei.
O meu anjo, meu salvador.
Era a criatura mais bela que eu já tinha visto. Com os cabelos grandes e escuros escorridos sobre a face e olhos negros como carvão, ele fitava-me. Sua pele incrivelmente branca contrastava com o vermelho dos seus lábios bem desenhados. Senti o aroma que exalava sua pele. Ele embriagou-me mais uma vez, mas agora eu não queria me entregar, queria ficar lúcida para vê-lo. Quase podia flutuar. Ele transpassava segurança, conforto. Era tudo o que eu precisava. Tentei sorrir e ele me surpreendeu com o mais belo sorriso do mundo. Uma fileira de dentes bancos se mostrou perfeito enquanto seus olhos deixavam transparecer alívio, talvez até alegria. Ele aproximou-se de mim e eu senti que seu corpo não era quente como eu imaginara, mas frio como gelo. Isso acalmou-me um pouco, mas quando ele aproximou-se mais ainda, ficando a centímetros de mim, meu coração disparou. Sentei-me na cama, ele ainda estava perto demais e eu, pela primeira vez, amei estar ali. Viva ou não, era o paraíso.

(Lucius)
Eu tinha prometido a mim mesmo: nunca mais tente bancar o herói e intrometer-se nos assuntos alheios. Não cumpro com minhas promessas á um bom tempo...
Passeava pelas ruas de Paris, esperando o sol nascer para voltar, quando vi três homens bêbados debruçados sobre algo na calçada. Talvez fosse um animal morto, já que chutavam e esmurravam. Uma incrível curiosidade me fez aproximar-me e constatar que não se tratava de um animal, mas de uma garota. Admito que não consegui vê-la ser espancada e deixar que os malfeitores se livrassem. Chamei-os. Eles se viraram como cães obedientes, mas não tinha o que dizer, somente precisava agir.
Saltei em cima do primeiro, arranquei-lhe os dois braços de uma vez. E esmurrei-lhe a face, quebrando a mandíbula. Larguei-o na rua enquanto seguia atrás do outro que corria e gritava desesperado. Chutei-lhe a cabeça para longe. Ela caiu dez metros longe do corpo que ainda se contraía. E terceiro estava imóvel, assistindo o show. Aproximei-me dele devagar. Ele olhou para mim com pavor. Eu sorri. Não me privem deste deboche! O corpo sem braços do seu companheiro ainda murmurava algo. Estiquei minha perna e amassei-lhe o tórax. O murmurinho passou. O ultimo homem quase não respirava, apenas me fitava com seus olhos incrivelmente grandes de pavor. Estendi minha mão até seu pescoço, levantei-o no ar. Ele olhava desesperado para mim, mas não conseguia dizer nada. Joguei-o no chão e ouvi os ossos serem quebrados.
Finalmente os três corpos jaziam calmos. Andei na direção da garota. Estava tão machucada que podia se localizar nitidamente onde não havia marcas. Os cabelos ruivos estavam espalhados pela neve suja e fria e a pele branca, manchada de vermelho e roxo. O vestido rasgado, mostrando-lhe as pernas bem torneadas. Os olhos fechados, quase como se estivesse dormindo. A boca vermelha do sangue, ainda tinha um mínimo esboço de sorriso. Segurei a pequena criatura nos meus braços enquanto a levava para um lugar seguro. Um lugar que talvez eu pudesse cuidar dela e ampará-la até que estivesse sadia o suficiente para decidir o que fazer de sua vida.
Ás vezes penso que o destino nos prega peças muito estranhas. Não sabia o quanto essa garota ainda tinha a me oferecer
Corri pela noite fria levando comigo a garota que parecia dormir. Tive medo que estivesse morrendo, mas ouvia seu coração bater, ainda que lentamente. Quando cheguei ao castelo, levei-a direto para o quarto de hóspedes. A pequena moça não tinha a mínima chance de sobreviver se eu não interferisse de um algum modo sobrenatural. Ela não falava nada, mas eu sabia que, se pudesse gritaria de tanta dor.
Eu era sua única salvação. Levei meu pulso à boca e rasguei-o sem a mínima piedade, estava inteiramente concentrado nela. Antes que cicatrizasse, derramei sangue em sua boca, mas ela não fez um só movimento. Seu peito mal se movia com a respiração fraca. Sentei-me na poltrona ao lado da cama, esperando alguma reação, mas a garota parecia não se mover. Se meu coração batesse, estaria rápido. Meus músculos estavam tensos enquanto eu esperava alguma reação dela. Nada. Levantei-me e comecei a andar pelo quarto, estava impaciente. Olhei para a garota mais uma vez, não havia mudado nada, ela ainda tinha a respiração fraca e os ferimentos cobrindo-lhe o corpo.
Deixei minha cabeça cair entre as mãos. Será que eu não podia sequer salvar uma garota? Ora, pelo menos uma boa-ação! Pelo menos algo bom! Eu pedia, não sei por que, para que aquela garota sobrevivesse. Eu não sabia nada sobre ela, se tinha família, se era casada, se tinha filhos... Nem seu nome eu sabia, mas eu pedia incessantemente pela sua vida.
Então eu ouvi. O coração dela estava tão baixo que quase não se percebia, mesmo sendo um vampiro. Ele batia lentamente e, não sei se ouvi mal ou algo do tipo, mas por um segundo ou dois, ele parou. Gelei por dentro. A garota tinha morrido? Não poderia ser, não havia como!
Ela não poderia morrer, eu tinha dado meu sangue! Eu só estava pedindo uma coisa, será que não poderia acontecer? Passaram-se alguns segundos de angustia, mas para minha felicidade, voltei a escutar a batida ritmada em seu peito. Dei um pulo da cadeira e em menos de meio segundo, já estava em pé ao lado da cama. Surpreendi-me quando vi a sua face. Estava completamente regenerada. Pude contemplar sua beleza. Ela abriu os olhos. Os olhos mais tristes que eu tinha visto até então. Mas, além da tristeza, vi por uma fração de segundo, sua alma e isso bastou para encantar-me. Uma alma que não contentava em irradiar através de sua pele, de sua respiração, mas brilhava através do azul de seus olhos. E, ao mergulhar neste oceano, pude ver o óbvio que não tinha notado: dentro de sua alma não havia somente compaixão, humildade, bondade, mas havia também amor. Olhos tristes amorosos. Pela primeira vez eu quis ver alguém feliz. Como ficariam estes olhos com um brilho de alegria? E sua pele extremamente branca? Ah, aquela pele! A mais fina seda do mundo sentir-se-ia ultrajada em presença desta maravilha. Sedosa, alva, límpida e jovem. Frágil como vidro, doce como mel. Era um convite ao pecado. O modo como a luz da fraca vela refletia nela, era como se milhares de pontos de luz estivessem por baixo de sua pele. Inspirei seu doce aroma quando o vento bateu em seus cabelos ruivos, longos, brilhantes fazendo-os dançar com tanta graça que pareciam ensaiados. Como ela era fascinante! De todos os modos que a via, não encontrava algum defeito. Um instinto protetor me fez quere tomá-la nos braços, niná-la até que as fadas dançassem em seus sonhos, mas não podia. Ela era perfeita demais para eu sequer tocá-la. Desejei mais que tocá-la. Desejei tomar seus lábios num beijo doce.
Era pelo que eu havia esperado durante os anos que vaguei pela terra. Descobri o significado de minha vil existência. Deus sabia que, após eu ver aqueles olhos, aquela criatura e não poder tocá-la faria com que eu sofresse milhares de vezes mais. Pela primeira vez, odiei o monstro que havia dentro de mim. Odiei o ódio em meu coração. Odiei o peso, agora insuportável, da maldade sobre meus ombros. Um nó veio-me á garganta. Eu tinha repulsa pelo que eu era, pela minha impureza. Fechei meus punhos até ficarem dormentes. Desejava poder rasgar a pele que cobria a minha alma, se esta existia ainda. Desejei ser puro o suficiente para ao menos tocá-la. Como desejei! Eu tinha que me conscientizar que ela era apenas um sonho distante, um devaneio. Tudo que eu sempre desejara estava na minha frente e eu não podia ao menos tocar. Uma sensação estranha tomou conta dos meus olhos, era como se estivessem queimando, algo do tipo. Minha visão tornou-se turva. No auge de minha tristeza e confusão, minha visão clareou-se e uma gota escorreu pela minha face. Olhei para cima, procurando de onde viera esta gota, mas o teto estava branco, normal. Num lampejo, dei-me conta que aquela lágrima saíra dos meus próprios olhos. A felicidade inundou meu ser. Se eu havia chorado, conseqüentemente haveria uma alma dentro de mim. Mesmo que fosse um rastro de alma, ainda havia uma e isso me dava esperanças de um dia ser bom o suficiente para tocá-la, talvez até beijá-la. Sorri e olhei em seus olhos mais uma vez. Estavam abertos, fixos em mim. Vi seus lábios se movimentarem e esboçar um sorriso, então seus olhos fecharam-se e ela adormeceu. Mas ela havia sorrido, então dentro de mim havia uma festa.

" Essa foi a primeira história que escrevi, portanto não tem o enredo tão bem trabalhado e alguns errinhos, não reparem , tá?
O título também é meio vago e sem-graça, mas eu ainda era muito inexperiente, está justificado!
Faz bem mais que três anos que a fiz, é de estimação!
Sem mais enrolação...
Essa é a primeira parte, narrada por Lorena.
O texto é longo e dividido em várias partes, com pontos de vista de diferentes personagens, mas eu sempre vou identificar quem está falando, não se preocupem!
Aproveitem! "


Meu anjo, Minha fada

(Lorena)
Caçar não é uma coisa a qual você se acostuma a fazer com prazer nos primeiros anos. Pelo menos ainda me incomodo de largar o corpo gélido e sem vida numa ruela deserta durante a noite de Paris. Mas eu tento ser mais diplomática, digamos assim: Só sugo o sangue de ladrões, assassinos, estripadores... É, eu sou uma vampira. Um pouco deslocada da minha realidade por valorizar muito meu lado humano. O que posso fazer? Eu não posso simplesmente deixar meus sentimentos de lado e tornar-me uma sanguessuga que só sabe caçar. Urgh! Caçar, isso me dá calafrios. Eu tento não lembrar isso, mas é o preço pela imortalidade, pela visão perfeita, pelos reflexos rápidos, pela beleza incomum. Esse é o preço por ter sobrevivido e encontrado a pessoa mais perfeita desse mundo. O meu anjo, meu salvador.
Esse é o ponto crucial que me angustia na caçada: ela me lembra de como eu quase morri. Lembra-me das coisas horríveis que os homens são capazes de fazer. Então, sem mais suspense, irei contar-lhes a triste história de como cheguei até aqui.
Era inverno de 1908, eu tinha dezenove anos. Eu era feliz, vinha de uma família rica, tinha pais que me amavam, uma irmã -Isabella- de dez anos que me idolatrava. Enfim, era uma das garotas mais inteligente e bonita da cidade, tinha tudo para ter uma vida perfeita e eu agradecia à Deus todos os dias.
Até que ele chegou à cidade. No principio, eu não olhava muito para o advogado do meu pai, mas durante as noites que ele jantava em minha casa, fui percebendo que era um homem inteligente, bonito e atraente. Não nutri minhas fantasias com ele, pois sabia que as intenções de meu pai era casar-me com alguém rico o bastante para assim garantir meu conforto. Eu não pensava assim, eu imaginara apenas ser feliz, sem me importar de com quem fosse. Ao passar dos dias, Vinícius chamava cada vez mais minha atenção, conversávamos horas a fio sobre livros, lugares distantes e idéias revolucionárias das quais meu pai não gostava nada. Tínhamos uma incrível afinidade e isso foi chamando a atenção das pessoas na cidade, que logo começaram a espalhar boatos. Passávamos as tardes conversando nos jardins da minha casa e tudo estava tão bem. Íamos às festas juntos, passeávamos pelas ruas da cidade, estávamos tão felizes juntos...
Num final tarde de dezembro, quando a neve fazia tremer o queixo que qualquer um que se aventurasse à rua, Vinícius e eu sentamo-nos no balanço da varanda de casa e ele declarou-se para mim. Foi a coisa mais linda que eu vi na vida: tinha uma rosa vermelha na mão e estava ruborizado! Ele perguntou se eu o amava. Meus olhos encheram-se de lágrimas e eu acenei com a cabeça, ele deu o mais lindo sorriso e beijou-me a mão. Éramos namorados, então.
Passaram-se duas semanas desde este acontecido, quando veio o caos.
Eu me encontrava sentada na varanda em frente a casa esperando Vinícius para comentar sobre o novo livro que tinha lido, quando o carro do meu pai cruzou o portão de entrada do jardim. Eu prontamente estranhei tal fato, meu pai sempre chegara por volta das nove horas, não tinha como ele estar ali às cinco da tarde, algo estava errado. Ele estacionou o carro na frente de casa e veio marchando até mim. Parou na minha frente e eu vi que estava vermelho de cólera. Senti muito medo do que ele possa ter feito. Ele respirou fundo e entrou em casa, eu sabia que deveria segui-lo. Sabia que o problema era comigo. Entrei respirando fundo e temendo que algo tivesse acontecido com Vinícius. Sentei-me no sofá e ele começou a andar de um lado para o outro. A agitação trouxe minha mãe e irmã para a sala, as elas estavam amuadas à um canto. Eu nunca tinha visto meu pai daquele jeito, eu começava a suar frio.
Então, num movimento brusco, ele parou na minha frente, me olhou com os olhos ardendo de raiva e começou a falar coisas que não se fala para uma filha. Disseram-lhe que eu iria fugir com Vinícius, que eu já não tinha pudor a que se desse respeito. Ele conseguiu me humilhar mais do qualquer coisa pessoa poderia fazer, mas quando uma facada dessas vem do seu pai, você se desarma, perde suas defesas e não há nada o que fazer, porque você ama tanto aquela pessoa que nunca teria a coragem de magoá-la. Foi o que eu fiz, escutei tudo num silencio humilhante, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto vermelho e um nó irreparável na garganta. Eu me calei e ele me machucou até não poder mais. Mas eu não merecia isso, eu não havia feito nada para que ele agisse dessa forma. Alguma coisa dentro de mim não estava certa. Por que eu tinha que ouvir aquilo? Olhei para cima, ele ainda falava sobre eu ter perdido minha vida, meu futuro, e calou-se quando eu o olhei. Ainda lembro-me vivamente dessa cena. Eu levantei e encarei-o de frente. Isso era uma coisa a qual garotas daquela época nunca faziam. Enxuguei minhas lágrimas e aquela voz ainda ressoava na minha cabeça “eu não tenho culpa de nada, eu não fiz nada”
- O senhor realmente acredita que eu fiz tudo isso? Se verdadeiramente conhecesse-me, não acreditaria em asneiras alheias. Eu poderia muito bem fazê-lo, porém não fiz, mas se queres apenas uma desculpa me negar como filha, estou à disposição. Quer renegar-me? Faça-o agora sem que haja uma desculpa qualquer na qual o senhor se encoberte. Crie coragem apenas neste último ato. Fale-me com todas as palavras e não serás mais meu pai. Já basta de agüentar uma humilhação pelo que não cometi, já basta ser ferida por alguém que eu pensara que sempre defender-me-ia. Por favor, suplico-lhe, acabe logo com isso.
- Se é isto que a senhorita deseja... Não és mais minha filha, renego-te.
Minha mãe caiu-se de joelhos na sala, minha irmã agarrou-me a barra da saia e eu me meu pai apenas nos encaramos. Uma última lágrima escorreu do meu rosto e eu a limpei com asco. Tentei falar algo, mas só abri minha boca em vão. Balancei meu rosto e soltei a mão de Isabella que me segurava a saia. Não olhei para trás, sai para a noite.
Sem ter onde ficar, vaguei as ruas de Paris que jaziam desertas até sentar-me no chão de uma praça escura. Agora eu conseguia chorar. Meu peito doía, tremia de frio, mas não podia voltar para casa. Não havia mais casa, eu estava sozinha agora e era uma renegada. Encostei minha cabeça na calçada fria e chorei mais ainda.
A lua começava a se esconder por entre as nuvens. O céu estava mais escuro do que eu um dia vira e eu ainda chorava. Foi quando aconteceu.
Três homens vinham andando no final da rua. Tinham garrafas de bebidas e vestiam-se com ternos bem cortados. Pareciam homens da alta sociedade, mas o estado que se encontravam dizia o contrário. Eles andavam cantarolando alguma canção de bordel e dançavam com o vento. Não conseguia ver-lhes a face pelos olhos manchados de lágrimas. Eles se aproximavam cada vez mais de onde eu estava, mas eu era tão inocente... não tive medo, continuei com meu pranto solitário. Os homens estavam passando direto, quando um deles olhou para o chão e me identificou em meio à neve e ao emaranhado do meu vestido alvo. Ele se curvou ao meu lado. Ah, ainda lembro seu cheiro! Cheirava à bebida e perfume vagabundo, misturado a um fino traço de perfume másculo de qualidade. Ele tocou-me a face e chamou os outros dois, que se amontoaram ao meu redor. Eu levantei a cabeça.
O que me tinha tocado falou, numa voz embaraçada pela bebida:
-Vejamos, ela está viva! Oh, olhem bem, cavalheiros: esteve chorando. Perdeu-se da mamãe? Senhoritas de honra não andam por aí há essas horas! A não ser que queiram perder sua honra.
Então ele passou o gargalo da garrafa em meu decote. Os dois homens sorriram, alucinados. Eu não conseguia responder nada, o frio cortava-me a garganta. Ele encostou a garrafa no parapeito e colocou as mãos imundas na minha cintura. Eu não tinha forças para reagir, mas minhas mãos ainda tentaram tapas em seus braços fortes. Ele segurou-me os cabelos e começou a beijar-me a boca. Era asqueroso, erótico, e os outros homens apenas observavam, imundos porcos rindo de mim. O homem que beijava-me soltou meu rosto por um instante e eu pude cuspir-lhe a face. Ele estrondou numa risada irônica:
-Vagabunda! Vais pagar por seres tão atrevida.
Então ele começou a bater em mim. Pontapés, socos, chutes... a cada batida, diminuía um pouco da dor em meu coração, era como se a dor física acalmasse a dor sentimental. Eles rasgaram meu vestido, bateram minha cabeça no chão, esmurraram-me os seios, as pernas, onde podiam. Chutaram-me o abdômen. Ouvi os estalos de minhas costelas. Urrei de dor. Pisaram em cima do meu útero. Eu sentia o sangue se acumulando dentro de mim. Eles bateram minha cabeça mais uma vez no chão. Não conseguia mais abrir a minha boca e gritar. Eu sentia o gosto do sangue inundando a minha boca, mas eu não conseguia cuspi-lo. Encheu minha boca, descia pela garganta. Não conseguia respirar. Os pulmões começaram a arder.
Eu quis sorrir. Talvez estivesse finalmente morrendo. Mas eles não deixariam por tão pouco. Alguém me deu uma tapa no rosto. Escutei mais um estalo e o sangue conseguiu sair da minha boca. Quis tossir, mas sabia que doeria mais nos meus pulmões. Tudo doía. Até viver doía. Quando se pede com toda sua alma para morrer, Deus te escuta. Mas ninguém entende mesmo o que Ele faz, então a única coisa que eu podia fazer era pedir com todas as minhas forças. Deus parecia não me escutar, por que eu ainda sentia dor, ainda respirava, mas eu pedia cada vez com mais intensidade para que Ele me deixasse morrer logo.
E num segundo, tudo pareceu mudar. Eu senti o vento frio da noite tocar minha pele e com ele veio o aroma. O aroma que me entorpeceu e fez minha cabeça girar. Era um perfume diferente de todos que eu havia sentido na vida. Uma mistura de masculinidade com leveza. Insuportavelmente acolhedor. Confesso-lhes: não consigo descrever a sensação nem o cheiro dele. Abri os olhos. Vi apenas o borrão vermelho do sangue. Pisquei e consegui distinguir formas. Os três homens que me espancavam estavam no meio da rua. Havia mais um estranho perto deles, o qual só conseguia distinguir a silhueta. Rezei para que não fosse mais um malvado e sim um anjo que viesse me levar. Pedi com as forças que ainda me restavam. Vi um clarão. Eu sentia uma emoção, talvez até alívio por ter alguém ali. É, acho que ainda tinha vontade de viver. Fechei meus olhos. Se não houvesse um salvador que me tirasse dali, havia um herói que me mataria. Eu estaria ganhando de qualquer modo. Escutei, sem o mínimo de compaixão, o grito dos homens. Era o sinal de que havia um salvador. Tive até vontade de sorrir. A promessa de justiça te faz querer viver quando se está numa situação difícil. O aroma encheu-me os pulmões mais uma vez e a última coisa que senti antes de desmaiar fora seu toque acariciando-me enquanto me carregava pelas ruas de Paris.

"Na verdade eu não me lembro de muita coisa antes do dia da formatura. Talvez eu fosse uma adolescente revoltada, uma popular, ou somente mais uma garota perdida pelos corredores, eu realmente não sei. A única coisa que eu tenho certeza sobre a minha vida antes de tudo mudar é a noite da formatura. Dizem que é por ser o meu ultimo dia como humana, mas eu tenho uma teoria diferente sobre isso. Eu realmente acho que tudo antes daquela noite não passou de um sonho e que agora eu estou viva.
Viva e acordada."


*Eu não vou postar a sinopse por que estarei dando spoilers sobre os próximos acontecimentos, mas amanhã estou postando o primeiro caputilo da série. Realmente peço perdão por ter demorado tanto, é tudo culpa da minha vida pessoal!*

Ele segurou meu braço, me fazendo ficar a alguns centímetros de seu rosto. Meu coração bateu muito forte, mas eu tinha que ignorar isso. Ele tinha mentido, me enganado. A raiva tomou conta de mim, misturando-se com a decepção de confiar em alguém e descobrir que foi traída.
-Me deixe pelo menos te explicar.
Eu vi uma lágrima escorrer pelo seu rosto, mas não me deixei ceder:
-Eu não acho que meia dúzia de palavras me fará esquecer tudo, Georg.
Soltei meu braço e caminhei de volta para casa escondendo as lágrimas que escorriam incessantemente pelo meu rosto.
-Morgan, por favor...
-Eu estou cansada, Georg. Eu só quero dormir e quando acordar não ter mais você aqui para me lembrar o que aconteceu. Volte para o seu mundinho, com suas garotas, fotógrafos ou o que quer seja. Eu não quero me importar mais. Eu não quero sofrer mais.
-Eu não quis...Me perdoa...
A chuva começava a cair quando eu fitei o mar, esperando não olhá-lo.
-Esqueça isso, você não precisa do meu perdão.
-Pare de fugir, Morgan! Encare tudo daquele modo simples como você sempre fez! Vamos conversar e resolver tudo entre nós.
Eu me virei já sem me importar que ele visse as lágrimas no meu rosto.
-Eu já encarei, já entendi tudo e não quero mais sofrer.
-Eu te amo.
Eu nunca imaginaria ver Georg tão desesperado por algo. Todas as minhas células me diziam para enxugar as lágrimas e correr para seus braços, dizendo que estava tudo bem.
Mas na realidade dentro de mim nada estava bem.
-Adeus, Georg.



*Em breve estarei postando algo maior, como uma minissérie em vários capitulos.
Aguardem!*

O celular soou alto, quebrando o silencio da noite. Ainda sem enxergar direito, levei-o ao ouvido.
-quem é?
Não ouvi nada do outro lado da linha, apenas o barulho da chuva caindo. Eu sabia o que isso significava. Levantei-me e troquei o pijama pela calça de couro, o espartilho e escondi a arma de prata na bota. Abri a janela, olhando a noite chuvosa, mas nada pensei enquanto pulava da janela.
Continuei caminhando pela rua escura, até que avistei Arthur embaixo de um poste. Os cabelos revoltos, o olhar triste e perdido de sempre, mas o que me encantava era seu sorriso. Ele continuava mexendo no celular enquanto eu parava na sua frente:
-Qual o trabalho de hoje?
Ele levantou a vista, sorrindo e me olhou rapidamente:
-Vampiro desordeiro no Marley’s.
Então nós corremos até o Marley’s e vimos dois vampiros brigando. Um era Will, segurança do bar, mas o outro era desconhecido. Puxei a arma de prata e acertei um tiro no pé dele, que urrou de dor. Saímos de trás do arbusto e eu apontei a arma para seu coração enquanto me aproximava:
-o que você quer?
Ele não relutou em falar:
-Sangue.
Eu o joguei no chão e atirei em seu ombro, perto o bastante do coração para deixá-lo desacordado.
Fui até Arthur, que conversava com Will, mas só ouvi o final da conversa:
-...eles querem-na morta.
-Quem me quer morta?
Eles assustaram-se com a minha presença. Will até levantou e saiu, mas não me intimidei e sentei ao lado de Arthur, que disse:
-Os vampiros do sul querem tomar esta área, mas não podem fazer nada enquanto você estiver aqui.
-Que venham. Eu não tenho medo.
-Mas eu tenho medo por você.
Foi então que ele me puxou para perto de si e me beijou. Eu não esperava aquela atitude, não estava acostumada com esse tipo de demonstração de sentimentos, mas eu o beijei de volta com todo o meu coração, porque descobrira que também o amava. E foi por isso que eu o afastei de mim, olhando dentro dos profundos olhos azuis. Arthur parecia desconcertado quando uma lágrima escorreu do meu olho.
- Salve-se. Nós não temos a mínima chance.
Ele segurou a minha mão e disse:
-Eu não vou deixar que você faça isso sozinha. Eu vou ficar aqui, mesmo que esse seja o fim.
Talvez não fossem as palavras que eu queria dizer, mas com certeza eram aquelas que deveriam ser ditas:
-Não se iluda comigo: eu não amo você.
E meu coração despedaçou-se ao ver uma lágrima escorrer pelo seu rosto. Ele soltou minha mão e andou para longe, me deixando com o grande peso da decisão tomada. Eu o amava mais que tudo, mas era covarde demais para vê-lo em perigo por mim.
Ele se foi.
E no fundo eu esperava que nos encontrássemos mais uma vez, mas essa era uma missão suicida e eu sabia que estava acabando com meus sonhos, minhas esperanças e o meu único e verdadeiro amor.

O sol estava começando a nascer quando eu me aproximei da varanda. Lembrei do dia em que escutei pela primeira vez a musica de Gabriel e isso fez meu coração não mais doer, mas arder, queimar pela sua falta. Todos me diziam que, com o tempo, eu iria melhorar, acabar me conformando, mas estava tudo ao contrário, porque a cada dia que passava meu mundo parecia mais desordenado, a dor só aumentava e eu tinha a certeza de que nada estava como deveria ser. A voz de Bianca ecoava na minha cabeça “um dia tudo irá passar e você verá que superou...” , mas superar para mim era trair meu coração e as memórias que Gabriel tinha deixado. Sentei-me no chão frio e chorei baixinho, rezando para que Deus o mandasse de volta.
Não sei quanto tempo se passou, mas quando dei por mim, estava toda molhada pelas lágrimas. Enxuguei-as e fiquei olhando o céu, até que algo tocou meu ombro. Incrivelmente eu não me assustei ou tentei me levantar, apenas coloquei minha mão em cima e o contato foi algo inesperado. A mão era sólida e fria como gelo, mas me passava um conforto imenso, apesar de que tive medo de virar e me decepcionar ao ver que não era quem eu esperava. Simplesmente abaixei minha cabeça mais uma vez e comecei a chorar, interrompida por uma voz:
-não chores, Laura.
Meu coração saltou. Não poderia ser verdade, eu não poderia estar escutando aquela voz. Pela primeira vez eu admiti que Gabriel estava morto e que eu deveria parar de esperar que ele voltasse para mim, mas quando eu ouvi a voz de novo, tudo se desfez:
-estou aqui, veja.
Relutante, eu me virei e lá estava Gabriel, iluminado e sorrindo com um grande par de asas que se estendiam por quase todo o quarto e refletiam calor. Levantei-me e passei meus braços por seu pescoço, abraçando-o com toda minha força. Eu podia sentir o seu cheiro, seu toque e seu amor me inundar completamente por dento e eu sorri como nunca antes, até que ele desvencilhou-se me olhou. Uma lágrima escorreu dos meus olhos enquanto ele falava:
-Eu prometi que te faria feliz, não poderia partir e te deixar triste.
Eu tomei a sua mão enquanto chorava:
-Promete que nunca mais irá embora.
Ele segurou meu rosto, trazendo-me mais para perto:
- Juro que não deixarei que nenhum mal encoste em ti e estarei disposto a dar a minha vida quantas vezes forem preciso para te proteger.
Olhei no fundo de seus olhos azuis celeste:
-Prometa-me que ficará comigo.
Então ele me beijou, mas na minha cabeça ecoava a sua voz:
-Estarei contigo para todo o sempre.
Foi nesse momento que despertei. Ainda estava sentada na varanda sentindo uma sensação enorme de paz, quando meu ombro esquerdo começou a arder. Abaixei a camisola com cuidado e vi que lá havia um par de asas tatuadas em azul. Sorri comigo mesma. Ele sempre estaria comigo e nem a morte nos separaria, agora eu tinha certeza.

A rua estava escura e deserta enquanto eu caminhava rápido até uma casa abandonada, a última do quarteirão. Tirei as chaves do bolso da calça e abri a porta. Estava tudo escuro lá dentro, mas eu não tive dificuldade de encontrar as escadas, subir até o corredor e abrir a porta do primeiro quarto. Procurei algo diferente, mas tudo estava igual a noite passada, inclusive o garoto deitado na cama.
-Arthur?
Chamei seu nome, mas como ele não respondia, olhei rapidamente para seu rosto e deduzi que estava dormindo, então comecei a tirar as faixas dos ferimentos que, para minha surpresa, estavam todos curados. Assustada, deixei cair um vidro de remédio no chão e o garoto despertou. Eu tentei levantar para limpar a bagunça, mas ele segurou meu braço:
-Clarisse?
Eu tentei não olhar para seu rosto, mas não consegui e me perdi em seus olhos azuis. Eu deveria fazer somente meu trabalho e ir embora, mas eu era fraca e sempre o olhava. Eu não podia deixar sua beleza me encantar, mas não admirá-lo era impossível. Os cabelos longos e escuros perfeitamente ajustados com sua pele pálida e a boca vermelha. Se anjos existiam, seriam à sua forma.
Eu consegui me desprender de seu olhar e afastar minha mão. Eu tinha que me concentrar nas coisas.
-Você já está bem. Já acabei com tudo.
Ele continuou olhando para mim, eu percebia pelo canto do olho enquanto tirava as ataduras de seu braço. Coloquei as coisas dentro da minha bolsa, mas quando estava levantando, ele segurou minha mão novamente e chamou meu nome com aquela voz melodiosa e sedutora, mas eu não o olhei.
-Eu sei que você precisa do meu sangue. Eu vou te dar, mas em troca eu quero que você pare de me encantar e fingir que está morrendo.
Ele sorriu e sentou-se na cama, dando espaço para que eu me sentasse ao seu lado. Fui até lá e estiquei meu pulso, mas ele segurou meu pescoço. Eu o empurrei para longe:
-No pescoço não. No pulso e nada mais.
Ele sorriu debochadamente:
-Assim não tem graça.
Senti-me ruborizar e me virei para encará-lo, pronta para dizer poucas e boas, mas ao olhar em seus olhos, eu esqueci tudo e a única coisa que me veio à cabeça foi o beijo que trocamos na noite passada.
Como se lesse minha mente, segurou meu rosto e me trouxe para perto de si, me beijando mais uma vez:
-Me deixa te transformar.
Eu segurei a sua mão na minha e encostei meu rosto no dele.
-Você sabe que não é assim.
- Você sabe que eu só estou preso a este lugar sem me alimentar por semanas apenas por sua causa.
Eu dei as costas e ele, que me abraçou e cheirou meus cabelos.
-Por favor, Clarisse. Eu amo você. Eu não suportaria te perder.
Eu sabia que era verdade, apesar da voz do chefe ecoar na minha cabeça:
-Não se distraia, sua missão é matá-lo antes do amanhecer.

Era o dia das bruxas e todos estavam frenéticos para o baile à noite. Bem, todos aqueles que tinham um par e eu não era um desses, mas já tinha programado uma maratona de filmes de terror, até que ele entrou na sala. Foi algo estranho, como se tudo parasse para que ele pudesse entrar. O vento parou de soprar, as folhas de caírem e eu de respirar quando ele sentou ao meu lado e sorriu. Os cabelos escuros caiam desordenadamente pelo rosto extremamente branco, que contrastava com os profundos olhos azuis. Ele me tocou com o cotovelo e eu me virei para olhá-lo estender a mão em minha direção:
-Arthur, Prazer.
Ainda em êxtase, apertei sua mão:
-Laura.
Eu voltei a olhar para frente, mas ele puxou assunto:
-Eles são sempre assim?
Eu sorri:
-Não, é que hoje é o baile do dia das bruxas. Como se fosse algo de extraordinário...
-Você não vai?
Eu tentei esconder meu rosto olhando pela janela.
-Com certeza não.
-Nem comigo?
E quando eu me dei conta, estava dançando com Arthur no meio do salão com suas mãos presas na minha cintura e nossos olhares fixos um no outro.
O incrível é que conversávamos normalmente quando começou a tocar uma musica mais lenta e ele me beijou. Não sei o que deu em mim, mas não o impedi e acabei beijando-o de volta. Eu estava leve, sentia seu coração bater junto com o meu e borboletas no estômago.
Até a música parar e dar lugar a gritos histéricos. Afastamo-nos e olhamos em volta a procura de algo que explicasse aquele alvoroço, mas tudo aconteceu rápido demais e quando vi, a mesa de doces explodia em milhares de cacos de vidro voando para todos os lados. Alguém se aproximou de Arthur e eu corri para ajudá-lo, mas algo acertou minha cabeça e tudo ficou escuro.
Não sei quanto tempo passou, mas quando acordei, Arthur estava inconsciente ao meu lado e perdera muito sangue. Arrastei-o para perto de mim com o máximo de cuidado. Minha cabeça latejava, mas eu tinha que cuidar dele, que parecia estar inconsciente e cada vez mais pálido. Rasguei um pedaço da barra do vestido e limpei o seu rosto, procurando a ferida por onde saíra tanto sangue. Não havia cortes aparentes em sua cabeça nem no resto de seu corpo, mas havia muito sangue nele, tinha que estar ferido.
Eu chamava seu nome, esperando que ele acordasse, mas tudo em vão. Passei a mão por debaixo de sua cabeça e o trouxe mais para perto de mim. Eu já não conseguia conter as lágrimas e rezava incessantemente para que Deus o deixasse sobreviver.
Inclinei a sua cabeça e trouxe sua boca para perto da minha, beijando-lhe os lábios frios e imóveis, mas o beijo não teve resposta e sua cabeça pendeu para o lado, revelando o pescoço ensangüentado.
Foi então que um calafrio percorreu toda a minha alma.
E eu vi que no pescoço de Arthur havia dois pequenos furos.

O dia tinha sido longo demais para variar: prova surpresa de álgebra e turno duplo na lanchonete. Dei graças a Deus quando entrei em casa e subi direto para o meu quarto, eu só queria deitar e dormir. As coisas pareciam normais, somente até eu abrir a porta e ver que tudo estava revirado e o teto tinha desabado. Ainda estava em choque quando vi algo se mexendo por baixo dos escombros. Segurei o meu abajur e investi contra aquilo que descobri, depois de muitos golpes, ser um garoto. Ele levantou-se rápido, e quando me viu, gritou:
-Pare com isso! Sou eu, Gabriel!
Empurrei-o para longe, e percebi que era o novo garoto da minha sala, que tinha sido transferido no meio do semestre. Ele nunca chamara minha atenção, bem, quer dizer, ele poderia ser muito bonito com aqueles cabelos escuros e agitados, sem falar nos olhos azuis e o físico de morrer, mas eu estava mais preocupada em passar nas provas semestrais e me livrar dos acidentes que me perseguiam.
-O que você está fazendo aqui?
-Você tem que fugir!
-Não vem com essa história. Eu quero que você arrume esta bagunça.
E ainda me olhando atônito, ele veio até mim e segurou meu braço, fazendo com que eu olhasse diretamente em seus olhos azuis.
-Eles estão atrás de você, querem te pegar.
Pelo tom de sua voz, eu soube que não era hora para piadas. Senti o pavor dentro de mim por algo que eu nem sabia o que era, mas estava chegando. Era loucura acreditar em um garoto que acabara de chegar à cidade, mas foi isso que me manteve viva, porque no instante em que ele me puxou para perto de si, algo grande e escuro arrebentou o teto do meu quarto e caiu exatamente onde eu estava sentada há pouco. Gabriel empurrou-me para trás dele e ergueu uma espada de prata na mesma hora em que o espectro erguia-se dos destroços. A luz da lua não me fez ver muito, mas meu coração fez-me acreditar que era algo perigoso.
O espectro investiu contra nós gritando enfurecidamente, até que Gabriel desferiu um golpe em seu tórax, fazendo-o explodir em pequenas faíscas, mas algo deu errado e feriu gravemente todo o lado esquerdo de Gabriel.
Corri até ele e ajoelhei-me tentando amenizar a ferida, em vão. Eu me via implorando para que ele sobrevivesse, mas sua respiração ficava cada vez mais devagar. Encostei minha cabeça no ombro dele e chorei.
-Não se vá. Por favor, fique!
Não sei como, nem de onde, mas uma luz inundou todo o quarto e quando eu dei por mim, Gabriel tinha um par de asas gigantes e brancas.
Ele abriu os olhos e sorriu para mim.
Sim, ele era meu anjo da guarda, mas a melhor parte é que ele estava bem e nada poderia mudar o que passamos juntos, o que ele fizera por mim e as vezes que salvara a minha vida, mesmo que eu não o tenha visto.

Ainda estava escuro quando despertei. Olhei ao meu redor e não consegui descobrir onde estava, mas pior que isso era a dor que saída do meu pescoço e rasgava todo o meu corpo. Eu tentava levantar quando alguém abriu a porta e entrou. De inicio, eu me assustei, mas sua voz acalmou tudo dentro de mim:
-Você está acordada...
Ele aproximou-se de mim e sentou na beira da cama, alisando meus pés. Eu quis levantar para olhá-lo, mas ele me empurrou de volta para a cama.
- Você gemeu de dor a noite toda. Descanse.
Eu deitei, mas o medo me tomou por completo. Eu temia que aquela dor fosse algo sério que me mataria. Uma lágrima escorreu do meu olho. Eu tentei falar, mas as palavras saíram entrecortadas:
- Eu estou morrendo?
Ele sorriu calmamente e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto.
-Não, Sarah. Logo a dor irá passará.
- Estou com muito medo. - Choraminguei.
-Acalme-se e tudo ficará bem.
Ele olhou para a janela, como se esperasse algo e eu aproveitei uma fenda de luz para observar seu rosto. O choque tomou conta de mim quando percebi que ele era aquele novo garoto da minha sala; Aquele que todos achavam estranho, até mesmo assustador, exceto eu, que tentei ser amigável e aceitei uma carona para casa. Droga! Agora tudo fazia sentido e a raiva tomava conta de mim cada vez mais.
Então ele sorriu e eu vi seu sorriso perfeito, apesar dos caninos ressaltarem-se. E foi esse pequeno detalhe que me fez ter um lampejo sobre tudo o que estava acontecendo.
-Você é um vampiro...
Ele chegou mais perto de mim e sorriu, levando o indicador até a minha boca, me fazendo calar:
-Esse é o nosso segredo. Só nosso.
Ele desceu o dedo até o meu pescoço e algo ali latejou. Eu estava tremendo por não querer admitir o que estava acontecendo, mas eu tinha que me manter racional pelo menos agora. Quando falei, foi mais um pensamento alto do que propriamente uma frase:
- Você vai me matar...
Então eu comecei a soluçar, até que ele chegou mais perto e me tomou nos braços. Eu sabia que aquela seria a hora final e continuei a chorar porque eu tinha confiado nele e agora ele me mataria. Só que eu não poderia deixar que ele vencesse tão fácil e comecei a empurrá-lo com todas as minhas forças, ou que restavam delas, mas ele pareceu não se importar e, ao contrário do que eu esperava, ele não rasgou meu pescoço, e sim me beijou.
Quando me soltou, meu corpo já não doía. Olhei nos seus olhos e vi que o azul era terno e profundo, apesar de triste. Ele deitou ao meu lado e acariciou meus cabelos.
Eu continuei sem entender nada, até o sono tomar conta de mim e eu fechar olhos, escutando sua melodiosa voz dizer:
-Durma, Sarah, estou aqui com você. Para sempre.
E eu sabia que era a mais pura verdade.

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Aqui você encontra alguns dos meus textos. Lugar onde sonhos são reais, amores são possiveis e a morte não pode nos deter. Sonhando e fazendo dos sonhos realidade!

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