Depósito de Textos

Aqui o impossível se torna realidade...

A rua estava escura e deserta enquanto eu caminhava rápido até uma casa abandonada, a última do quarteirão. Tirei as chaves do bolso da calça e abri a porta. Estava tudo escuro lá dentro, mas eu não tive dificuldade de encontrar as escadas, subir até o corredor e abrir a porta do primeiro quarto. Procurei algo diferente, mas tudo estava igual a noite passada, inclusive o garoto deitado na cama.
-Arthur?
Chamei seu nome, mas como ele não respondia, olhei rapidamente para seu rosto e deduzi que estava dormindo, então comecei a tirar as faixas dos ferimentos que, para minha surpresa, estavam todos curados. Assustada, deixei cair um vidro de remédio no chão e o garoto despertou. Eu tentei levantar para limpar a bagunça, mas ele segurou meu braço:
-Clarisse?
Eu tentei não olhar para seu rosto, mas não consegui e me perdi em seus olhos azuis. Eu deveria fazer somente meu trabalho e ir embora, mas eu era fraca e sempre o olhava. Eu não podia deixar sua beleza me encantar, mas não admirá-lo era impossível. Os cabelos longos e escuros perfeitamente ajustados com sua pele pálida e a boca vermelha. Se anjos existiam, seriam à sua forma.
Eu consegui me desprender de seu olhar e afastar minha mão. Eu tinha que me concentrar nas coisas.
-Você já está bem. Já acabei com tudo.
Ele continuou olhando para mim, eu percebia pelo canto do olho enquanto tirava as ataduras de seu braço. Coloquei as coisas dentro da minha bolsa, mas quando estava levantando, ele segurou minha mão novamente e chamou meu nome com aquela voz melodiosa e sedutora, mas eu não o olhei.
-Eu sei que você precisa do meu sangue. Eu vou te dar, mas em troca eu quero que você pare de me encantar e fingir que está morrendo.
Ele sorriu e sentou-se na cama, dando espaço para que eu me sentasse ao seu lado. Fui até lá e estiquei meu pulso, mas ele segurou meu pescoço. Eu o empurrei para longe:
-No pescoço não. No pulso e nada mais.
Ele sorriu debochadamente:
-Assim não tem graça.
Senti-me ruborizar e me virei para encará-lo, pronta para dizer poucas e boas, mas ao olhar em seus olhos, eu esqueci tudo e a única coisa que me veio à cabeça foi o beijo que trocamos na noite passada.
Como se lesse minha mente, segurou meu rosto e me trouxe para perto de si, me beijando mais uma vez:
-Me deixa te transformar.
Eu segurei a sua mão na minha e encostei meu rosto no dele.
-Você sabe que não é assim.
- Você sabe que eu só estou preso a este lugar sem me alimentar por semanas apenas por sua causa.
Eu dei as costas e ele, que me abraçou e cheirou meus cabelos.
-Por favor, Clarisse. Eu amo você. Eu não suportaria te perder.
Eu sabia que era verdade, apesar da voz do chefe ecoar na minha cabeça:
-Não se distraia, sua missão é matá-lo antes do amanhecer.

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Aqui você encontra alguns dos meus textos. Lugar onde sonhos são reais, amores são possiveis e a morte não pode nos deter. Sonhando e fazendo dos sonhos realidade!

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