Depósito de Textos

Aqui o impossível se torna realidade...

Era o dia das bruxas e todos estavam frenéticos para o baile à noite. Bem, todos aqueles que tinham um par e eu não era um desses, mas já tinha programado uma maratona de filmes de terror, até que ele entrou na sala. Foi algo estranho, como se tudo parasse para que ele pudesse entrar. O vento parou de soprar, as folhas de caírem e eu de respirar quando ele sentou ao meu lado e sorriu. Os cabelos escuros caiam desordenadamente pelo rosto extremamente branco, que contrastava com os profundos olhos azuis. Ele me tocou com o cotovelo e eu me virei para olhá-lo estender a mão em minha direção:
-Arthur, Prazer.
Ainda em êxtase, apertei sua mão:
-Laura.
Eu voltei a olhar para frente, mas ele puxou assunto:
-Eles são sempre assim?
Eu sorri:
-Não, é que hoje é o baile do dia das bruxas. Como se fosse algo de extraordinário...
-Você não vai?
Eu tentei esconder meu rosto olhando pela janela.
-Com certeza não.
-Nem comigo?
E quando eu me dei conta, estava dançando com Arthur no meio do salão com suas mãos presas na minha cintura e nossos olhares fixos um no outro.
O incrível é que conversávamos normalmente quando começou a tocar uma musica mais lenta e ele me beijou. Não sei o que deu em mim, mas não o impedi e acabei beijando-o de volta. Eu estava leve, sentia seu coração bater junto com o meu e borboletas no estômago.
Até a música parar e dar lugar a gritos histéricos. Afastamo-nos e olhamos em volta a procura de algo que explicasse aquele alvoroço, mas tudo aconteceu rápido demais e quando vi, a mesa de doces explodia em milhares de cacos de vidro voando para todos os lados. Alguém se aproximou de Arthur e eu corri para ajudá-lo, mas algo acertou minha cabeça e tudo ficou escuro.
Não sei quanto tempo passou, mas quando acordei, Arthur estava inconsciente ao meu lado e perdera muito sangue. Arrastei-o para perto de mim com o máximo de cuidado. Minha cabeça latejava, mas eu tinha que cuidar dele, que parecia estar inconsciente e cada vez mais pálido. Rasguei um pedaço da barra do vestido e limpei o seu rosto, procurando a ferida por onde saíra tanto sangue. Não havia cortes aparentes em sua cabeça nem no resto de seu corpo, mas havia muito sangue nele, tinha que estar ferido.
Eu chamava seu nome, esperando que ele acordasse, mas tudo em vão. Passei a mão por debaixo de sua cabeça e o trouxe mais para perto de mim. Eu já não conseguia conter as lágrimas e rezava incessantemente para que Deus o deixasse sobreviver.
Inclinei a sua cabeça e trouxe sua boca para perto da minha, beijando-lhe os lábios frios e imóveis, mas o beijo não teve resposta e sua cabeça pendeu para o lado, revelando o pescoço ensangüentado.
Foi então que um calafrio percorreu toda a minha alma.
E eu vi que no pescoço de Arthur havia dois pequenos furos.

0 comentários:

Postar um comentário

Depósito

Aqui você encontra alguns dos meus textos. Lugar onde sonhos são reais, amores são possiveis e a morte não pode nos deter. Sonhando e fazendo dos sonhos realidade!

Seguidores

Contador de visitas

Contador de visitas

Pesquisar